A indústria da moda foi um dos 3 setores mais impactados pela pandemia do coronavírus no Brasil, ao lado da aviação e do turismo. O motivo é o fechamento do comércio e o distanciamento social, que fez com que as pessoas não comprassem mais roupas para sair.
Por isso, toda a relação de consumo mudou. Mesmo quando com o início da vacinação, as incertezas são muitas – assim como as transformações profundas ocorridas na sociedade.
Repensar a indústria da moda, portanto, é inevitável. Já estão ocorrendo transformações em várias esferas, mas muitas ainda são sutis. Identificá-las e adaptar o seu negócio hoje é uma questão de sobrevivência.
Eventos presenciais cancelados: a indústria da moda na era digital
Em março de 2020 o mundo ainda entendia e se assustava com a pandemia e a indústria da moda teve que tomar uma decisão drástica. O cancelamento de diversos eventos, entre eles as tradicionais semanas de moda, causou alvoroço – e uma corrida por alternativas.
Afinal, a indústria da moda não pode parar e a criatividade sempre foi o ponto alto. Logo, tendências que rondavam discretas deram um salto em desenvolvimento e surpreenderam o mercado.
Desfiles virtuais, inteligência artificial, ambientes 3D, videoconferências e provadores virtuais logo conquistaram a área, criando novos modelos de interação. Foi a indústria da moda se reinventando mais uma vez.
Foco na saúde e no conforto – em casa
No entanto, não basta ser virtual. O foco na saúde não trouxe apenas a tecnologia como forma de aproximação à distância, mas a valorização do ambiente residencial.
A casa passou a ser o porto seguro, o lugar de lazer e de trabalho. O home office criou novas oportunidades, resgatou valores e ajudou a dar mais humanismo à vida cooperativa.
Surge então uma nova forma de ver a moda, o sentido das roupas e o conforto para ficar mais tempo em casa. O reflexo dessa transformação de valores na forma de consumo é claro.
O vestuário passa a refletir o aconchego, a roupa de trabalho ganha menos formalidade, há um desejo maior por peças duráveis, multifuncionais, básicas.
Os acessórios começam a ser gradualmente banidos por conta da dificuldade de higienização, como brincos, anéis, pulseiras, etc.
Junto com a pandemia, aumenta cada vez mais a preocupação com o meio ambiente e com os impactos da indústria da moda na saúde do planeta.
Faturamento despenca em todo o mundo
O fechamento de lojas, o lockdown imposto em vários países e a proibição de aglomeração fez o faturamento da indústria da moda despencar no mundo inteiro, assim como o da maioria dos setores.
Várias empresas físicas começaram a migrar para o ambiente online e uma infinidade de marcas digitais nativas surgiram, dando novo gás à economia.
Paralelamente, iniciativas de sustentabilidade ganharam mais força, assim como atitudes solidárias e humanitárias, gerando uma forma de comércio humanizada, transparente e eco-friendly.
As redes sociais aumentam o status de integradoras e se tornam o principal meio de divulgação, vendas e consolidação da imagem no mercado, corroborando a identificação de marca das peças.
O discurso de uma indústria da moda menos poluidora, mais sustentável e amiga do planeta sai dos pequenos nichos de avant-garde e começa a se popularizar para atender os novos hábitos de consumo da população.
Novos modelos de relacionamento com o cliente são criados
Após um período de surpresa e estagnação, a indústria da moda começa lentamente uma transformação que caminha para técnicas menos poluentes, maior responsabilidade na utilização dos recursos, mais transparência nos processos produtivos, humanização das relações de trabalho e sustentabilidade.
Estes novos caminhos ainda estão sendo traçados, mas se abrem cada vez mais com atitudes inovadoras de marcas que alavancam a moda circular para sustentar uma economia justa e criativa.
Em um momento em que o contexto global ainda é cheio de incertezas por conta de uma pandemia que não chega ao fim, longa é a estrada para a indústria da moda consciente. No entanto, os primeiros passos já estão sendo dados.