Por Juci Machado, diretor de Service da Delta Máquinas
A situação atual da economia e da indústria brasileira está longe de seu auge, ou mesmo da estabilidade que tanto se almeja, com a perspectiva do pós pandemia. No setor têxtil, que muitas vezes depende de insumos importados e do comércio exterior eficiente para manter a produção, não é diferente.
A redução das vendas, paradas necessárias por conta de decretos de lockdown em diferentes regiões do país e a oscilação no custo da produção exigem um planejamento volátil, com revisão constante e melhor aproveitamento de todos os processos. Em médio e longo prazo, a situação industrial do mercado brasileiro de moda pode se agravar caso a tomada de decisão não seja assertiva.
Um dos pontos que merece atenção na rotina industrial têxtil, especialmente neste período de incertezas quanto à constância da linha de produção, é a manutenção preventiva. Sem os cuidados necessários para manter os equipamentos – que muitas vezes representam investimentos na casa dos milhões – muitos negócios poderão apresentar perdas no longo prazo, especialmente na retomada da produção.
O cálculo OEE, ou Overall Equipment Effectiveness (Eficiência Global de Equipamentos), utilizado para mensurar a eficiência dos equipamentos de uma indústria, por exemplo, precisa fazer parte do levantamento de dados para o planejamento estratégico da produção. Com ele, a indústria consolida dados para identificar a frequência de disponibilidade do maquinário, tempo de produção para determinado volume de peças e qualidade com o qual o produto é finalizado.
Para aumentar o nível de OEE, uma das ações necessárias deve ser aproveitar o período de baixa de pedidos para realizar manutenções preventivas em equipamentos presentes em diversos pontos da produção industrial têxtil, como fiação, tecelagem, beneficiamento e confecção. As revisões estratégicas não são apenas o modo de manter o maquinário em dia, mas também de garantir a produção em larga escala assim que a retomada iniciar. Ou seja: é trazer a prevenção para o centro da estratégia econômica, certificando-se de que a sua indústria estará preparada para abraçar as oportunidades de mercado que em breve devem surgir, impulsionadas pelo controle pandêmico em nível global e a demanda represada do último ano.
Quando as vendas retornarem aos padrões de antes de 2020 – só neste ano a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) estima crescimento de 8% no volume produtivo têxtil – as empresas deverão estar preparadas. Isso significa manter a estrutura em níveis de atenção para suportar altos níveis produtivos. Sem a manutenção preventiva, uma falha mecânica ou de programação podem significar a parada da produção por dias ou mesmo semanas. E, consequentemente, prejuízos em larga escala, impacto da credibilidade da marca no mercado produtivo de moda e falta de faturamento em um momento tão estratégico como este será.
Tão fundamental quanto o investimento em estrutura de automação para ampliação da produtividade é o monitoramento constante de máquinas e softwares do setor têxtil. Mais do que uma ação frequente, a prevenção precisa ser considerada uma iniciativa estratégica da indústria.