Indústria, empresários e o ministro Paulo Guedes debateram reformas e agenda do governo

“O senhor tem usado uma figura de linguagem: “O empresário brasileiro tem uma bola de ferro na perna direita, que são os juros altos, uma bola de ferro na perna esquerda, que são os impostos, e um piano nas costas, que são os encargos sociais e trabalhistas.

Esta “Coalizão Indústria” construiu junto com a SEPEC, por meio de estudo, a já conhecida “mandala” que traz o “Custo Brasil” da ordem de R$1,5 trilhão acima da média de custos nos países da OCDE. Muitos temas importantes da agenda de competitividade evoluíram positivamente. Podemos citar a Reforma da Previdência, o Marco do Saneamento, concessões públicas leiloadas, lei de liberdade econômica, agenda de desregulamentação etc. No entanto é uma agenda que trará resultados no longo prazo. Como sabemos, o “Custo Brasil” ainda não se reduziu. Pelo contrário, os setores da indústria que compõe esta “Coalizão Indústria” têm acusado aumento deste custo.

O Brasil apresentou uma proposta ao Mercosul de redução de 10% das alíquotas da TEC imediatamente e outra redução de 10% no final do ano.

Ministro, será que em função da crise do Corona vírus, de 14 milhões de desempregados, muitas empresas em dificuldades de honrar compromissos e tributos, não estaríamos começando pelo fim? Priorizando a abertura comercial? Há intenção de revisão na posição do Ministério da Economia sobre a abertura comercial, redução de 10 + 10% das alíquotas de importação da TEC, levando em consideração que o custo Brasil ainda não foi reduzido?

Ainda dentro deste mesmo tema, causou surpresa e estranheza a redução intempestiva da alíquota de importação de Bens de Capital e Bens de Informática e Telecomunicações (BK e BIT) em 10%, nos brinquedos esta redução foi de 5% ano passado e mais 5% agora em maio. Essa Coalizão manifestou-se contrária a esta redução de BK e BIT por entender que seria uma “escolha de perdedores”. Podemos dizer ainda que a indústria como um todo teve o mesmo entendimento. Perguntamos, da mesma forma, há uma possibilidade de suspensão  desta decisão?

Essa foi a pergunta formulada por João Carlos Marchesan, presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ no evento “Diálogos da Indústria” organizado pela Coalizão Indústria,  que recebeu o Ministro da Economia, Paulo Guedes, em café da manhã realizado no Hotel Windsor, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (27). Foram discutidas pautas como as reformas estruturais do país, a agenda liberal do governo no contexto da pandemia e as perspectivas econômicas para os próximos meses. O secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, também participou do encontro.

O evento foi realizado de maneira híbrida, virtual e presencialmente. Em Brasília, ocorreu em local amplo e com poucos convidados, respeitando todos os protocolos sanitários.

Após a abertura de Marco Polo de Mello Lopes, coordenador da Coalizão Indústria e presidente executivo do Instituto Aço Brasil, José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), contextualizou o debate em torno da reforma tributária. Presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato falou sobre abertura comercial.

Também participaram do café da manhã presencialmente Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (ABRINQ), Haroldo Ferreira, presidente-executivo da ABICALÇADOS, Paulo Camillo Penna, Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), José Jorge do Nascimento Júnior, presidente-executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (ELETROS), José Carlos Martins, presidente do CBIC, e Sergio Martins Mello, vice-presidente da ANFAVEA. O presidente executivo da ABIMAQ, José Velloso, participou virtualmente da reunião e acredita que “a redução da tarifa de importação de máquinas e equipamentos e bens de telecomunicação sem mexer nos seus insumos foi uma escolha de perdedores. A coalizão indústria entende que não houve redução do custo brasil em 10% como alegado e ao final o Mercosul não concordou com a redução da tarifa e o setor de máquinas já teve a sua tarifa reduzida em 10%. Por isso que a gente entende que houve escolha de perdedores.”

O ministro Paulo Guedes falou sobre o trabalho que vem desempenhando para aprovar as reformas e a política econômica do governo. “Precisamos trabalhar de forma integrada para que a indústria brasileira, resiliente a massacres de políticas supostamente industriais, volte a crescer e a escoar a nossa produção. Precisamos sair desse modelo de dirigismo e ir para a economia de mercado, com expansão e democratização do crédito para pequenas e médias empresas, ao invés de favorecer os ‘campeões nacionais’”, afirmou.

Marco Polo de Mello Lopes traçou um panorama do atual cenário da economia e sobre os entraves ao crescimento do país por conta da pandemia e da alta carga tributária. “É consenso entre todos os segmentos da indústria que a alta tributação é responsável pelo processo de desindustrialização no Brasil. Pleiteamos uma reforma tributária ampla que impeça a cumulatividade de impostos e mitigue os efeitos do ‘Custo Brasil’.”

A edição de “Diálogos com a Indústria” com o ministro Paulo Guedes contou com a participação presencial de representantes das entidades que formam a Coalizão Indústria, além de mais de 1.400 industriais de forma virtual.

Fale com a Revista Têxtil
//
Chame no WhatsApp
(11) 99595-2104