Executivo da companhia que detém 70% do market share de produtos para impressão digital têxtil do país destacou em entrevista ao talk show web Têxtil Show os desafios para o setor no pós-pandemia
Só em 2019 mais de 80 milhões de metros de tecidos foram estampados por meio de impressão digital no mercado brasileiro de moda. Este e outros dados do setor foram destacados pelo CEO da GQM, Felipe Sanchez, em entrevista ao talk show web Têxtil Show, com Henri Kanj, que visa valorizar as iniciativas do mercado brasileiro. Para o executivo, um novo formato de consumo, antes tratado apenas como tendência, já é realidade e precisa ser levado em consideração pelas marcas. “Os consumidores estão buscando comprar mais de empresas das quais sabem a procedência. Há uma preocupação crescente em ter a certeza de que aquele produto que ele consome foi desenvolvido em condições humanitárias corretas, com consciência ambiental. As pessoas estão entendendo que existe um custo, um peso muito grande por trás da produção de grandes marcas que não se preocupam com isso”, avaliou.
Para Sanchez, é possível produzir com lucratividade e apelo ambiental: “Hoje há uma gama muito variada de produtos que permitem melhor aproveitamento de tecidos e de insumos. Tintas ecológicas para impressão, por exemplo, e a própria técnica de impressão digital, que usa menos água no processo, são exemplos de que dá para entregar valor agregado com boas práticas de ESG [governança ambiental, social e corporativa]”.
Consumir menos para consumir melhor será tendência no pós-pandemia
Durante a entrevista, o CEO da GQM relembrou ainda um levantamento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), apontando que 24% de tudo que se produz no mercado de moda vai para perdimento, é remarcado ou até mesmo queimado. Ele cita ainda, como contraponto, o exemplo da Amazon nos EUA, onde o item mais vendido é roupa. Mais de 1 milhão de peças são estampadas digitalmente todos os dias, garantindo entregas de qualidade, sem a necessidade de estoque e com redução de desperdícios.
“Com iniciativas mais assertivas na hora de produzir podemos mudar essa realidade e atingir um novo momento de consumo, garantindo a democratização da moda”, ressaltou. Sobre o “consumir menos para consumir melhor” o executivo é enfático: afirma que esta é uma realidade e que é a experiência do consumidor que fará a diferença para o fortalecimento das marcas. “Acredito muito no varejo físico, mas entendo que essa experiência híbrida e fluida (compra no site, retira na loja, compra na loja, entrega em casa) é essencial para criar identificação com o consumidor. O brasileiro tem essa característica de gostar de provar a peça antes de comprar e de ter na compra física um lazer. No pós-pandemia o têxtil brasileiro deve voltar a crescer fortemente, mas precisará se adequar a um novo momento”, finaliza.