Por Fábio Kreutzfeld*

Já tem algum tempo que o mercado e os consumidores vêm exigindo das marcas uma postura mais consciente. E para atuar dentro desta nova mentalidade, a tecnologia tem sido uma forte aliada.

Agora que a chamada “moda verde” não é mais vista como uma tendência passageira, ela tende a se tornar um diferencial competitivo importante. Sendo assim, é preciso elaborar estratégias para produção e design que reduzam os impactos ambientais da produção e consumo na indústria do vestuário.

O monitoramento dos fornecedores e parceiros, por exemplo, já pode ser controlado online, sendo este um dos passos para tornar a sua indústria mais sustentável. Muitos tecidos sintéticos, inclusive, já são produzidos por meio de processos mais verdes, inclusive o algodão e o poliéster.

Para ilustrar essa realidade temos a Circulose® Renewcell, que conseguiu transformar o algodão e a viscose em uma nova matéria-prima para confecção. Essa polpa é transformada em novas fibras por meio da pressão através de bocais bem pequenos. Além de reduzir o lixo de descarte, as fibras Renewcell contam com uma maior resistência à tração.

Também já existem roupas feitas de fungos e bactérias que são produzidas por meio de bactérias encontradas na kombucha, sendo transformadas em biotecidos. Esse feito foi conquistado pela Biotecam e os tecidos foram chamados de Texticel.

O ciclo sustentável da Tommy Hilfiger também é outro case de como fazer com que seus produtos façam parte de um ciclo sustentável. Para isso, a empresa lançou o programa Make It Possible e iniciou a implementação do projeto Tommy for Life em outubro do último ano, que promete tornar a marca mais consciente até 2030.

Apesar dos grandiosos exemplos citados, para transformar uma marca em sustentável não é preciso ir tão longe e criar um novo tecido revolucionário a partir de outras matérias-primas. É possível começar a se adaptar com um olhar voltado para a revisão de todo o processo — não somente da empresa como de seus fornecedores.

O papel da Indústria 4.0 para a sustentabilidade da moda

Alguns equipamentos da Indústria 4.0 também podem auxiliar na redução do desperdício, na economia e, por consequência, na sustentabilidade do universo da moda. Mas para entrar neste assunto é preciso ter um olhar profundo para os processos da sua empresa.

Uma revisadeira, por exemplo, é um equipamento utilizado no controle de qualidade para identificar problemas nos tecidos, evitando os desperdícios causados pelo descarte das peças. Este equipamento desempenha um papel que naturalmente gera economia por impedir o retrabalho.

Seguindo este mesmo raciocínio, temos também as lavadoras de amostras, que usam muito menos água, matéria-prima e energia elétrica para determinar o encolhimento dos tecidos.

Além da embaladeira automática, que reduz o consumo de plástico, padroniza o processo, garante a qualidade de apresentação do produto e gera economia. A automação é, portanto, um dos grandes pilares que ligam a sustentabilidade à Indústria 4.0. A preocupação com uma produção limpa já é, inclusive, um pilar decisivo no planejamento estratégico de muitos negócios. Um estudo de 2019 da Allonda Ambiental mostrou que a tecnologia 4.0 já é usada para monitoramento do processo produtivo por 70% das 80 indústrias ouvidas. Além disso, 38% das empresas de serviços e 24% das empresas de infraestrutura têm na automação uma aliada essencial para a busca da sustentabilidade.

Há outras diversas tecnologias que podem contribuir com a otimização e a economia do seu negócio no âmbito da moda. No entanto, como toda transformação, é preciso que empresários e gestores tenham pleno conhecimento dos processos de sua empresa, noção de custos versus investimento, e principalmente, entendimento de que este passo poderá influenciar a longo prazo nos resultados do seu negócio.

O start está dado: o mercado traz informações e opções tecnológicas que podem otimizar e melhorar o desempenho das empresas que querem ser mais sustentáveis. Estudar os gaps empresariais é fundamental para executivos que buscam estruturar e desenvolver a melhor estratégia de produção e crescimento.

*Fábio Kreutzfeld é sócio-diretor da Delta Máquinas, empresa brasileira especializada em máquinas, softwares e acessórios para produção industrial têxtil, com atuação no Brasil e na América Latina. 

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