O projeto criativo que é a parceria entre marca de moda carioca Handred, do diretor criativo André Namitala, e o Instituto Sergio Rodrigues não é só a sintonia da associação entre um nome da moda e outro do design e da arquitetura nacionais – é a celebração, em múltiplas formas, do grande legado de Sergio Rodrigues para a estética e para a cultura do Brasil, que contribuiu para a própria definição do que são o design e a concepção de produtos autorais brasileiros. Assim, para comemorar o semestre de inventiva parceria e homenagens ao trabalho de Sergio, a Handred lança nesta primeira semana do mês o último drop de peças inéditas da coleção Handred Sergio Rodrigues e uma publicação de arte, em formato de zine, que reúne registros do processo de desenvolvimento da marca e do Instituto e registros nunca antes publicados sobre a vida e obra do arquiteto e designer carioca.

O contato com a obra de Sergio abriu caminho para que André se apaixonasse pelo mobiliário moderno brasileiro. A linha de mobiliário Cuiabá, desenvolvida pelo mestre em 1985 para o Hotel Eldorado Cuiabá, em Mato Grosso, foi a porta de entrada para que ele traduzisse o trabalho de Rodrigues em forma de vestuário. Foi o Espelho Cuiabá, uma das mais icônicas peças da linha, o primeiro item dela com que André teve contato, durante uma visita ao Shopping dos Antiquários, em Copacabana. “Sempre gostei do Espelho Cuiabá e o imaginava formando um xadrez. Antes mesmo de me aprofundar na pesquisa, essa estampa já estava pronta na minha cabeça”, revela o diretor da Handred.

Uma das premissas na elaboração dos objetos da linha Cuiabá é que eles fossem fabricados na região do hotel, que nos anos 80 ainda carecia de marcenarias sofisticadas. Imaginativo nas soluções e não só na estética, como são os grandes designers, Sergio transformou a dificuldade em potência e desenvolveu o conjunto de móveis a partir de quadros laterais com seções e cantos arredondados, além dos círculos, marca registrada em sua produção. Ainda que de construção simplificada, as peças da linha Cuiabá mantêm as características do mestre: estética, conforto, inovação e acabamento.

É este o ponto de convergência entre Handred e Sergio Rodrigues: essas mesmas qualidades se aplicam com maestria às peças da marca. André pega emprestado o jogo entre círculos e retângulos do Espelho Cuiabá para dar corpo a peças com acabamentos que mimetizam os esquadros do espelho de maneira variada e arrojada, sem abrir mão do conforto e da simplicidade preciosa tão caros aos dois criadores. Desde o veludo de seda recortado a laser, que cria uma superfície têxtil de padronagem xadrez única, passando pela reprodução de espelhinhos em freijó unidos em pequenos nós com linha de pesponto, até a técnica de bordado Richelieu, todos apresentados no desfile na SPFW; vestidos, túnicas, camisas, regatas, calças e shorts compõem um verdadeiro tributo à versatilidade de Sergio Rodrigues, que ganha nova vida neste último drop. Os mini espelhos também se apresentam como cinto e nos primeiros brincos da marca, disponíveis em 2 tamanhos.

A nova linha também inclui peças em seda e algodão coloridas pela estampa Cuiabá, e chega às lojas e e-commerce da Handred a partir do dia 5 de dezembro.

A colaboração entre a marca e o Instituto Sergio Rodrigues não se restringe às coleções e conta também com produção cultural – após o mini-doc sobre a pesquisa de criação de André nos acervos do Instituto e da marca de design de móveis Sergio Rodrigues Atelier e suas trocas com Fernando Mendes e Renata Aragão, responsáveis pelo legado de Sergio nestes dois lugares, a Handred lança no dia 9 de dezembro uma publicação de arte em formato de zine que reúne visões sobre o processo criativo compartilhado entre marca e Instituto, apoiadas por materiais inéditos sobre a vida e obra de Sergio Rodrigues.

Um texto afetuoso de André sobre suas primeiras impressões deste legado está na publicação, assim como um registro de Fernando Mendes sobre a influência da moda na vida de Sergio e as intersecções nas formas de criação dele e de André. A publicação é pontuada por cliques sensíveis do desenvolvimento das coleções e da pesquisa assinados pelos fotógrafos Ruy Teixeira e Demian Jacob. Um dos textos de destaque é o assinado pela crítica de artesanato Adélia Borges sobre os processos manuais presentes na coleção. Outro é o relato da curadora e pesquisadora Lígia Nobre sobre uma entrevista que fez com Sergio em 2014, ano de sua morte, e que nunca chegou a ser publicada. O lançamento do zine será na loja da Handred nos Jardins, das 15h00 às 19h00 do dia 9.

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