Maior oferta de seminovos como sapatos, roupas e bolsas tem atraído clientes mais preocupados em conservar e revender produtos de alto padrão
Sob o desejo de utilizar e se vestir com artigos de marcas como Hermès, Chanel, Cartier, Dior, Gucci, entre outras, cada vez mais pessoas são levadas ao mercado de segunda mão em busca de preços mais acessíveis. O que muitos desses novos consumidores de alto padrão talvez não saibam é que, indiretamente, estão contribuindo para que o segmento da moda se torne mais sustentável e benéfico ao meio ambiente. Dentro deste nicho já existe, inclusive, o conceito de “moda circular”, pautado pela reutilização e aumento da vida útil das peças, como tendência.
No Brasil, um reflexo desse movimento pode ser observado dentro da Front Row, marketplace de artigos de luxo novos e seminovos que, em 2021, registrou um crescimento de 78% no faturamento em relação ao ano anterior. Lílian Marques, CEO da empresa, avalia que o surgimento dos chamados “brechós de luxo” foi crucial para atrair esse novo público, formado, segundo ela, por quem não teria acesso a produtos novos comprados diretamente das grandes marcas, seja pelo preço mais elevado ou pela falta de condições flexíveis de pagamento.
“Geralmente são mulheres, em grande parte mães e profissionais ativas no mercado de trabalho, entre 30 e 55 anos. Seu foco principal é ter acesso a bens de luxo que não encontrariam facilmente em lojas, por estarem esgotados ou com preços mais elevados”, explica.
Outro fator que contribui de maneira sustentável, segundo ela, é a preocupação maior de quem está começando a adquirir bens de luxo em aumentar o tempo de vida útil dos mesmos. “Obviamente, quando falamos de peças de alto padrão, a pessoa terá um cuidado maior em conservar e cuidar de um bolsa que custa R$ 30 mil, por exemplo. Seja para o uso próprio por mais tempo ou até mesmo pensando em desapegar no futuro sem que elas desvalorizem”, diz.
Apesar de existir a parcela que, além do preço, considera a preocupação com um consumo consciente, ela está longe de representar a maioria. No ano passado, uma pesquisa feita pela McKinsey & Company em parceria com a Business of Fashion mostrou que 34% dos entrevistados são levados a comprar um produto pela sua sustentabilidade. Lilian Marques afirma, porém, que do lado de quem revende esse aspecto é mais considerado.
“Na mesma medida, cresce o número de fornecedoras desapegando das peças. Antes era visto como tabu, pois isso sinalizaria que a pessoa estava “precisando vender”, mas hoje muitas veem como um retorno pessoal, de certa forma “cool”, fazer parte desse movimento sustentável”, garante a CEO da Front Row.