Por: DANIELA MARX (www.danielamarx.com.br)

Há eventos que marcam uma temporada. Outros, marcam uma virada de Era.
O Festival CasaModa, realizado entre 27 e 29 de agosto no JK Iguatemi, em São Paulo, foi exatamente isso: o momento em que o tradicional Salão CasaModa — referência por mais de duas décadas no atacado de moda brasileira — se reinventou para acompanhar um novo tempo.
Com curadoria da Shark Tank E-School, dirigida por Eleazar Villavicencio, e liderança da empresária e investidora Carol Paiffer, o festival apresentou um novo conceito de encontro para o mercado, mais do que expor coleções, o propósito agora é formar, inspirar e conectar os profissionais que constroem a moda no Brasil.
A Bloom 360, sob direção de Bianca Venturotti, foi responsável por transformar esse novo formato em experiência sensorial e contemporânea, unindo conteúdo, tecnologia e propósito.
“O CasaModa sempre foi uma referência de negócios, mas agora ele se torna também uma referência de conhecimento. Estamos vivendo uma Era em que educar e empreender caminham lado a lado.”

Carol Paiffer
Durante os três dias de evento, uma sequência de talks e experiências trouxe à tona temas que refletem o momento de transformação da indústria e a necessidade de profissionalização em toda a cadeia da moda.
O painel de abertura, “Moda e Educação no Novo Formato”, reuniu Carol Paiffer, Eliazar Villavicenci, Alexandre Cerqueira e Xavier Neto. Foi um convite à reflexão sobre a importância da educação empreendedora como base de sustentação para marcas e negócios criativos.
“A educação é o que transforma a moda em indústria. É o conhecimento que separa o talento do resultado.” – destacou Eliazar Villavicenci, diretor da Shark Tank E-School.
Na sequência, o palco recebeu o Nuvemshop Talks, com as empreendedoras Giovanna Resende (Hisha), Malu Carneiro (Shop Emme) e Amanda Aliperti (PW3 by Coffee). Elas dividiram suas experiências sobre e-commerce, marketing digital e crescimento de marcas nativas do ambiente online.
O painel marcou ainda o lançamento do Fashion Commerce Report, desenvolvido pela Nuvemshop, em parceria com Steal the Look e Start by WGSN, um estudo sobre comportamento de consumo e as novas formas de vender moda no digital.
Outro momento de destaque foi o painel “Como Montar Experiências de Moda que Vendem no Físico e no Digital”, que reuniu Claudio Seraphin, Ju Cunha, Eleazar Villavicencio e Daniela Marx.
A conversa abordou o papel do branding, mix de produtos e marketing como pilares indissociáveis da moda na Era Digital.
“A experiência de compra começa muito antes da venda. Ela começa quando a marca desperta desejo, cria conexão e faz o cliente se sentir parte da sua história.”
Daniela Marx
Para Xavier Neto, CEO do Festival Casa Moda, “a moda brasileira está amadurecendo. O empresário que entende de margem, de dados e de propósito constrói um negócio que atravessa o tempo.”
O talk “Brasil que Inspira – A Potência Criativa da Moda Nacional”, mediado por Bianca Venturotti e Bloom 360, trouxe nomes como Claudia Itano, Krizia Gartica, Julia Sabbag e Rita Carreira para discutir representatividade, moda autoral e o valor de criar a partir das raízes culturais brasileiras.
“A moda brasileira não precisa copiar ninguém. Ela precisa se reconhecer”, disse Bianca.

Outro destaque foi o painel “Moda e Música como Comportamento, Cultura e Atitude”, em parceria com o Papo João Rock, com Vanessa Toledo, Ademir Corrêa e Thalicia, debatendo a relação entre som, comportamento e expressão — uma conversa sobre autenticidade e estilo de vida.
Encerrando o festival, o painel “A Revolução da Moda na Era da Inteligência Artificial” reuniu Jaques Dequeker, Juliana Dequeker, Camila Toledo, Ale Marques Ravinjak e Xavier Neto.
A discussão girou em torno do papel da IA na criação, na previsão de tendências e na personalização da experiência do consumidor.
“A tecnologia nunca substituirá o olhar humano, mas ela vai ampliar nossa capacidade de enxergar possibilidades”, afirmou Camila Toledo.
Mais do que um evento, o Festival CasaModa se consolidou como um marco de transição para o setor.
Ele representa um mercado que começa a compreender que moda é negócio, é cultura e é também instrumento de transformação econômica e social.
“No Brasil, a moda está entre os setores que mais geram empregos na indústria de transformação. Quando profissionalizamos, educamos e inspiramos, geramos impacto real — do plantio do algodão ao universo digital, transformando negócios e vidas.” — Daniela Marx.
O festival mostrou que a moda brasileira está pronta para o próximo capítulo: o da colaboração, da inovação e da construção de valor sustentável.
A moda que queremos ver florescer é aquela que une performance e propósito, desejo e consciência — e que transforma beleza em legado.
Daniela Marx é mentora de negócios de moda, palestrante e colunista da Revista Têxtil.
À frente da Marx Consultoria, é referência em Branding, Mix de Produto e Marketing de Moda e atuou no crescimento de empresas como Bershka (Inditex/ZARA), Guess Europe, Topshop, Renner, Riachuelo e Amaro.
Para mais informações: www.danielamarx.com.br