André Lima, estilista que trilha o caminho de uma moda autoral, inclusiva, atemporal e sustentável, continua sem compromisso com estações ou calendários de lançamento. De forma livre, exerce sua criatividade e savoir-faire em um exercício estético que ressignifica tecidos de acervo e de coleção, tanto do universo esportivo quando da camisaria tradicional, do Grupo Adar, referência no mercado têxtil e importante importadora especializada em tecidos planos e malhas.
Para a Coleção AL05, André Lima lançou seu olhar sobre o estoque de tecidos esportivos, principalmente o nylon. “Este material lembra o tafetá, uma seda mais atual, que não amassa e você consegue levar na mala, é leve e inusitado, e tem uma aparência de chamois”, conta o designer, que adotou a cartela de esporte. “A mistura de cores vibrantes e ‘sujas’, como ocre e marrom-canela, se mistura amarelo-canário e mostarda. O amarelo foi uma cor bem explorada nesta coleção e traz uma sensação de calor, verão,bem Brasil”, diz o estilista.
Shapes dos anos 80 foram atualizados com recortes e estampas, destacando listras e quadriculados. Os ombros foram um capítulo à parte, e mereceram a criação de uma ombreira que não existia no mercado. “Estudei a estrutura de um macacão que pertencia à Rita Lee e que hoje faz parte do acervo da Casa Juisi”, conta André Lima. “Esta ombreira tem 16 cm de comprimento por 6cm de altura, é algo volumoso e traz protagonismo à peça”, conta. Um trabalho minucioso de mini-pregas ajuda a criar o volume que faz das peças um quê de alta-costura esportiva.
O estilista quis uma coleção com roupas mais curtas. A mulher AL05 mostra mais o corpo, em looks com silhueta mais justa. Os laços, assinatura conhecida do designer, aparecem de forma cabal, com destaque para um top metálico com maxi-laços. Entre os destaques estão os botões grandes em resina na mesma cor do amarelo, chemise e vestido chemisier com grandes mangas morcego, renda com revestimento em filó cria e ombreiras.
O renascimento de uma das grifes mais emblemáticas da moda brasileira reflete os novos tempos e os desejos da sociedade. O estilista trilha o caminho de uma moda autoral, inclusiva, atemporal e sustentável. A coleção AL04, que o designer apresenta com exclusividade na multimarcas Pinga, em São Paulo, tem como ponto de partida um estudo de volumes e proporções, criando silhuetas distantes do corpo, como figuras expressivas de uma mulher que se comunica por meio de suas roupas.
As coleções André Lima não seguem estações, pelo contrário, trazem elementos de continuidade que reforçam a ideia de atemporalidade e expressão individual. Um vestido longo da AL01 pode ressurgir na AL04 com outro comprimento e detalhes. O mito de ter que ‘assassinar’ looks a cada estação, pela mera razão de ter que ser algo ‘novo’, não tem espaço na visão contemporânea do designer.